sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Kazuo Wakabayashi


Linguagem Própria & Arte Contemporânea



Em visita há um atelier de arte recentemente debateu-se a questão da originalidade nas obras de arte contemporânea, e o quanto é importante uma linguagem própria e única na criação de cada artista. Linguagem que conte sua origem, seu universo particular, o seu habitat. Dentro destas discussões está a obra do artista nipo-brasileiro Kazuo Wakabayashi, que estará expondo seus trabalhos no Museu de Arte Moderna de Londrina nos meses de junho e julho com: 22 gravuras e 15 pinturas.












Nesta exposição poderá se observar o universo criativo deste particular artista que mantém a tradição nipônica em constante contraste com as cores do Brasil. Wakabayashi chegou no Brasil em 1961, e as paisagens locais juntamente com povo brasileiro revelaram-lhe os contrastes desconhecidos até então. No Japão existe uma sutileza cromática, as cores são mais parecidas, mais monocromáticas, as paisagens mais delicadas, aqui ele descobriu o verde vibrante, os tons de terra avermelhados, os amarelos-ocres, os azuis-esverdeados, e uma paisagem mais primitiva. As cores vivas e vibrantes de suas obras foram surgindo no Brasil ao longo dos quarenta e seis anos ininterruptos de criação no país.

O artista conta-nos seu inicio de carreira no Brasil, onde começou ganhando um prêmio de arte no Salão do Rio de Janeiro em 1963, e que sua obra fora apreciada por um marchan da cidade, o qual passou a encomendar-lhe trabalhos, contribuindo para que se firmasse como artista no país. Desde o início, Wakabayashi sempre manteve como principio que a “alma da obra é mais importante que o pincel”, o que quer dizer: o signo a ser desvendado pelo espectador tem que se sobressair ao nome de quem o criou e a técnica que o artista utilizara, a mensagem incutida em cada obra tem de ser desvendada e tem sempre que mostrar a característica particular de quem cria, tem de ser única em cada trabalho, mas tem de manter a identidade do seu autor.

Wakabayashi produz diariamente arte, onde parece conter inspiração inesgotável. Utilizando técnica mista trabalha com sobreposição de material, utilizando colagem de papel, folhas de ouro, folhas de prata, e tintas acrílicas sobre as telas. É fascinante, a disciplina da repetição da forma acrescentada de linhas sutis desenhadas a pincel sobre os pequenos relevos, e os contrastes das cores vibrantes que utiliza em suas criações. O artista que completa agora no próximo dia dez de maio 76 anos nos faz refletir sobre o fazer “arte contemporânea”.

Além de ser um artista consagrado no país, mostrou -se como pessoa ser simples e gentil, valorizando sua família, aliás, toda sua família está ligada à arte. A esposa e a filha trabalham com designer de jóias e o filho atualmente no Japão em uma galeria de arte contemporânea.Ele me fez pensar que é possível, sim, construir obras contemporâneas de excelente qualidade partindo de suportes tradicionais, as quais muitas vezes são narradas nos atuais centros universitários de arte como ultrapassadas, ante as novas tendências do pós-conceitualismo.

Fernanda Aiub Branchelli, Artista Plástica graduada em Escultura e História, Teoria e Crítica de Arte pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul -UFRGS (DataTexto: 24/04/2007)

http://www.fernandabranchelli.blogspot.com/

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